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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Hoje em Dia - Em desarmonia com projeto de Niemeyer, anexo do clube destoa na Pampulha

Renata Fonseca


Anexo construído quatro décadas após inauguração do clube atrapalha a visibilidade da lagoa

Erguido em desarmonia ao traço modernista de Oscar Niemeyer, um anexo do Iate Tênis Clube, construído quatro décadas após a inauguração do projeto original, é o calcanhar de Aquiles do conjunto arquitetônico da Pampulha. A descaracterização do edifício, principal obstáculo para que o complexo receba o título de patrimônio mundial da humanidade, poderá ser revertida. Negociação para retomar as formas criadas pelo arquiteto está em andamento.

A novidade integra o dossiê da candidatura da Pampulha à chancela internacional. O documento será entregue nesta sexta-feira (12), dia do aniversário de 117 anos de Belo Horizonte, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em seguida, as mais de 500 páginas serão remetidas à análise da Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação (Unesco).

Um termo de compromisso, assinado entre a prefeitura de Belo Horizonte, Iphan e a direção do Iate, prevê a elaboração de um projeto de readequação urbanística do anexo e restauração completa do espaço. A obra está estimada em R$ 7,5 milhões, e a maior parte dos recursos seria bancada pelo município e pela União. Uma contrapartida, como a abertura à visitação pública, estaria prevista no acordo.

“Muito se fala sobre a despoluição da Lagoa da Pampulha como empecilho à busca pelo título de patrimônio mundial. Claro que essa revitalização é importante, mas o principal desafio é o resgate do Iate. A edificação foi muito descaracterizada ao longo dos últimos anos”, afirma o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira.

Projetado em 1940 como espaço de lazer e esportes, o local recebeu o nome de Iate Clube. O imóvel foi pensado por Niemeyer como uma grande embarcação às margens da lagoa.

Intervenções em todo o complexo arquitetônico

O Iate Tênis Clube foi privatizado em 1961 e passou por uma série de reformas nas décadas seguintes, tanto no edifício-sede quanto nas áreas externas. O prédio principal manteve a leitura externa original, mas sofreu modificações no interior. Por volta de 1980, foi construído o anexo, que abriga um salão de festas e ofusca a vista da lagoa.

Responsável por elaborar, há três anos, um plano diretor para o local, o professor Flávio Carsalade, da Escola de Arquitetura da UFMG, destaca algumas das intervenções necessárias: a demolição dos elementos descaracterizados e a restauração do edifício projetado por Niemeyer e dos jardins de Burle-Marx. “Não é uma obra muito complicada. Acredito que levaria cerca de um ano para ficar pronta”, diz.

A diretoria do Iate evita adiantar detalhes do termo de compromisso assinado e aguarda as medidas e condições de restauro a serem apresentadas pelos órgãos envolvidos. Em nota, garante que “vai contribuir para o desenvolvimento de ações propostas, de acordo com a sua realidade”. O clube acrescentou que a revitalização do espelho d’água contribuirá para o retorno dos esportes náuticos na região.

Além da restauração do Iate e da recuperação da água da lagoa, estão previstas no dossiê obras no antigo Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha) e na Igreja São Francisco de Assis. No templo religioso, as juntas de dilatação da estrutura, em forma de abóbada, serão impermeabilizadas com um produto especial para evitar novas infiltrações.

Parte do mobilário original, que está guardado a sete chaves em outra igreja, retornará à capela. Na igrejinha, será criada uma esplanada, integrando o espaço à praça Dino Barbieri. O tráfego de veículos nesse trecho da avenida Otacílio Negrão de Lima, sentido oposto ao Mineirão, será proibido. A obra custará R$ 5,5 milhões.

Reconhecimento

Atualmente, a histórica Ouro Preto e o santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, na região Central, e o centro de Diamantina, no Campo das Vertentes, integram a lista mineira de patrimônios culturais da humanidade. No Brasil, estão cidades como Rio de Janeiro, Brasília e Olinda. No mundo, são 190 países.

O título é concedido a monumentos, edifícios, trechos urbanos e até ambientes naturais que tenham valor histórico, estético, arqueológico e científico. O objetivo não é apenas catalogar esses bens, mas ajudar na sua identificação, proteção e preservação.

Em setembro de 2015, está prevista uma visita de técnicos da Unesco ao complexo moderno de BH. O julgamento deve durar um ano e meio.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Itatiaia - Contagem culpa Justiça, Copasa e moradores pelos esgotos jogados na Pampulha




A Prefeitura de Contagem, cidade de Região Metropolitana de Belo Horizonte, se exime da culpa por parte da poluição da Lagoa da Pampulha, um dos cartões postais da capital mineira. Nessa quarta-feira, o Jornal da Itatiaia mostrou que uma batalha judicial impede a conclusão da limpeza da lagoa e que parte do esgoto de Contagem ainda é jogada em rios e córregos que deságuam na Pampulha.

O secretário de meio ambiente do município, Ivair Soalheiro, esclareceu que os processos de desapropriações que correm na Justiça de Contagem não são da prefeitura. “O problema das desapropriações é estritamente da Copasa”, garantiu.

Além disso, Soalheiro informa que as obras de esgoto das regiões dos bairros Nacional e Ressaca estão mais de 90% concluídas. É o esgoto dessas duas regiões que é jogada na Lagoa da Pampulha. “Agora a população tem que fazer a sua parte, que é fazer as ligações (domiciliar)”, acrescentou. 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Itatiaia - Batalha judicial trava limpeza da Lagoa da Pampulha, maior cartão postal de Belo Horizonte




Uma enorme batalha judicial está impedindo a limpeza do maior cartão postal de Belo Horizonte, a Lagoa da Pampulha. Enquanto a prefeitura da capital retira cerca de dez toneladas de lixo por dia da represa, redes de esgoto de Contagem ainda desaguam na lagoa. 

A Copasa não pode concluir a implantação dos interceptores de esgoto por causa de nove processos relativos à desapropriação de algumas áreas que tramitam na Justiça de Contagem. Diante disso, o árduo trabalho para limpar a Pampulha acaba indo por água abaixo. 

Segundo o coordenador do projeto estratégico Meta 2014, Valter Vilela, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais aguarda uma autorização judicial para seguir com os trabalhos.  “Nós só vamos poder concluir (as obras) depois que a Justiça de Contagem nos der essa permissão. Enquanto isso, estamos com as obras praticamente paradas, aguardando decisão judicial, que no caso do Brasil geralmente é muito morosa”, disse.

Ainda de acordo com o Valter Vilela, as obras já poderiam ter sido finalizadas há mais de sete meses. “Nossa meta, pactuada com a Prefeitura de Belo Horizonte, com a Prefeitura de Contagem e com o próprio governo do estado, era concluir 100% das obras até dezembro de 2013. Com isso, a gente contribuiria sensivelmente para tirar praticamente todo o esgoto que cai dentro da lagoa”, contou.