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terça-feira, 18 de agosto de 2015

EM - Candidata a patrimônio da Unesco, Pampulha terá avaliação de consultoria no fim de setembro



"O que for decidido nessa visita pela consultora será decisivo", afirmou a presidente do Iphan, Jurema Machado

Gustavo Werneck


Dia D para a Pampulha, cartão-postal de Belo Horizonte e candidata a patrimônio mundial, título concedido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Em 28 de setembro, chegará à capital a consultora venezuelana Maria Eugênia Bacci, do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), para fazer a avaliação final sobre o conjunto arquitetônico modernista projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) e construído à beira da lagoa na década de 1940. A informação foi divulgada, ontem, pela presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, durante a comemoração do Dia Nacional do Patrimônio Cultural em Minas Gerais, na Casa do Conde, Região Leste da cidade. A consultora do Icomos ficará em BH até 2 de outubro.

“O que for decidido nessa visita pela consultora será decisivo”, afirmou Jurema, destacando a Pampulha como “bem cultural excepcional” e único sítio, desta vez, candidato do Brasil. Na sua avaliação, foi fundamental o aceite pela Unesco do dossiê preparado durante um ano e entregue à instituição com sede em Paris, na França. “Já trouxemos, em caráter informal, um consultor do Icomos para conhecer a Pampulha, e o resultado foi positivo. O aceite foi um grande passo nessa campanha”, acrescentou. A expectativa é de que o anúncio oficial seja feito pela Unesco em meados do ano que vem.

“No momento, estamos formando o comitê gestor da Pampulha, que será responsável pela interlocução com a Unesco, depois que o título for concedido. É a fase pós-reconhecimento”, contou Jurema com otimismo. O comitê será formado por representantes do Iphan, de órgãos municipais e dos moradores e tem o objetivo de verificar a situação do local e cobrar ações das autoridades para permanente preservação.

POLUIÇÃO Problemas citados por especialistas como gargalos na conquista do título – poluição do espelho d’água por lançamento de esgoto e a construção de um anexo no Iate Tênis Clube, que descaracterizaria a paisagem – não deverão pesar na balança do Icomos, acredita a presidente do Iphan. Ela explicou que a limpeza da Lagoa da Pampulha tem sido gradativa, com a construção dos coletores e interceptores de esgoto e caça aos lançamentos domésticos clandestinos de matéria orgânica. “Já conversei com o prefeito Marcio Lacerda sobre isso e está bem encaminhado”, afirmou.

Quanto ao Iate Tênis Clube, onde há um anexo no qual funciona uma academia e um salão, Jurema explicou “que houve negociação para reforma e futura demolição do pavimento”. E acrescentou: “O acordo está sendo feito e isso não deverá atrapalhar a decisão. O certo é que há uma mobilização para a Pampulha se tornar patrimônio mundial”, disse Jurema. De acordo com a direção do clube, via assessoria de imprensa, “a intenção do clube não é criar empecilhos para a conquista do título, pois é parte interessada no reconhecimento”. Os dirigentes, no entanto, afirmam que não foram notificados pela prefeitura para demolir o anexo, o que teria custo elevado para o clube.

RESTAURAÇÃO Durante a reunião comemorativa do Dia do Patrimônio Nacional – a data reverencia a memória do belo-horizontino e primeiro presidente da instituição federal, Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969), a superintendente do Iphan em Minas, Célia Corsino, disse que a licitação da Igreja de São Francisco já foi concluída e que as intervenções podem ser iniciadas. Outras obras previstas, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, incluem a Catedral da Sé, que terá recursos de R$ 6 milhões.

A candidatura do complexo

A Pampulha está na lista indicativa do Brasil desde 1996 e sua candidatura a patrimônio cultural da humanidade foi retomada pela PBH em dezembro de 2012. O conjunto arquitetônico inclui os edifícios e jardins da Igreja de São Francisco de Assis, o Museu de Arte, antigo cassino, Casa do Baile (atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte), Iate Golfe Clube (hoje Iate Tênis Clube), construídos quase simultaneamente entre 1942 e 1943, além da residência de Juscelino Kubitschek (atual Casa Kubitschek), datada de 1943. Entre os que deixaram sua marca na Pampulha, está o nome do pintor Cândido Portinari (1903-1962). Se houver o reconhecimento, BH estará ao lado de mais três cidades mineiras: Ouro Preto (título concedido em 1980), Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (1985), na Região Central, e Diamantina (1999), no Vale do Jequitinhonha.

sábado, 8 de agosto de 2015

EM - Esgoto na Lagoa da Pampulha tira moradores de casa



Marinella Castro


Moradores da Pampulha, na região da Enseada das Garças,  estão sufocados pelo mau cheiro, que nas últimas semanas tomou conta da lagoa. A área se transformou em uma espécie de lixão flutuante, onde podem ser vistos toda a sorte de detritos represados.  Com náuseas, a vizinhança  está fugindo do local que tem atraído os urubus. Por causa do odor, há moradores que decidiram se mudar temporariamente para casa de parentes.

"Amanhã (neste domingo) não poderemos passar o dia dos pais em casa. Como receber filhos e netos com esse mau cheiro horroroso?",  diz a auxiliar de administração, Efigênia Oliveira. Segundo ela,  muitos moradores estão se sentindo mal e tendo náuseas. Janelas e portas devem permanecer fechadas durante todo o dia, para impedir a entrada da brisa. "Temos vizinhos que já foram parar no hospital", conta Efigênia.

Há 35 anos a professora aposentada,  Vera Lúcia Vieira é vizinha da Enseada. Ela conta que passou 40 dias em uma viagem e ao retornar para casa, foi surpreendida pelo lixo e esgoto. "A Enseada das Garças está sendo transformada em um depósito de detritos. Em mais de 30 anos, nunca vi uma situação tão grave."

O acúmulo de dejetos ocorre na avenida Otacílio Negrão de Lima, na altura do número 12.400. Na segunda-feira, moradores da região vão até a Prefeitura cobrar uma solução para a lagoa. "Vamos também ao Ministério Público. O lugar virou ponto de urubus, dominado por uma nata de esgoto", denuncia Vera Lúcia.

A reportagem não conseguiu contato com a Prefeitura de Belo Horizonte.