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terça-feira, 16 de abril de 2013

EM - Lagoa da Pampulha vai parar de receber esgoto até o fim de 2013, diz Copasa



Companhia vai realizar um canal e as residências serão ligadas a ele por uma rede coletora. Moradores terão de pagar para terem o sistema conectado


A luta da Prefeitura de Belo Horizonte para despoluir a Lagoa da Pampulha continua. Nesta terça-feira, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) apresentou ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) como está o andamento das obras de saneamento na capital. Durante o encontro, o presidente da companhia, Ricardo Augusto Simões Campos, garantiu que até dezembro deste ano a lagoa vai deixar de receber o esgoto.

A primeira etapa das obras de despoluição estava prevista para ser finalizada em junho deste ano. Porém, sofreu um atraso devido à remoção de 300 famílias em Contagem, na Grande BH. Nesta fase é realizado pela Copasa o tratamento e bloqueio do esgoto que é lançado aos oito cursos d'água que abastecem a lagoa.

Hoje, 30% do esgoto jogado na lagoa é de Belo Horizonte e 70% de Contagem. As obras são feitas para conter e tratar a água. Um canal será feito pela Copasa e os moradores terão de pagar uma taxa para a residência ser conectada a ele. Essas ligações são chamadas de redes coletoras.

Ao todo, são aproximadamente três mil imóveis que ainda não fizeram a ligação. A maioria das casas ainda utiliza a fossa séptica. “O sistema de rede coletora individual cabe à pessoa colocar. Será uma iniciativa de cada pessoa. Existem ações tanto da Copasa tanto da Prefeitura para ajudar os moradores da baixa renda da região”, explica Ricardo Augusto.

O prefeito Marcio Lacerda acredita que os prazos serão cumprido. “A meta é que a região tenha 100% do esgoto tratado. Estão sendo investidos R$ 30 milhões para a construção das rede coletoras”, afirmou.

Poluição está cada vez pior

Um laudo do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), divulgado pelo Estado de Minas, constatou que os índices de poluição na Lagoa da Pampulha são os piores desde 2006. No entanto, mesmo com a perspectiva ruim, a administração municipal reiterou o compromisso em despoluir a lagoa para 2014.

terça-feira, 2 de abril de 2013

EM - Gerais - Por causa da poluição, qualidade da água da Pampulha nunca foi tão ruim



Indicadores de poluição medidos pelo IGAM são os mais negativos da história e põem em xeque limpeza do cartão-postal de BH até a Copa 2014

Mateus Parreiras


Pneu, garrafa PET e embalagem de detergente; cabo de vassoura, pé de chinelo e sacola plástica; pedaço de isopor, animal morto e restos de poda. Poderia ser a descrição de um lixão, mas é o que se pode avistar no que ainda é conhecido como espelho d’água da Lagoa da Pampulha. E o que se vê boiando pode não ser o pior: apresentando contaminação por esgoto doméstico em todos os 26 trechos monitorados da bacia, a água de um dos principais símbolos de Belo Horizonte jamais esteve em condições tão ruins em relação aos índices de poluentes, segundo o mais recente laudo do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), referente ao terceiro trimestre de 2012. A soma dos conceitos ruim e muito ruim do Índice de Qualidade de Água (IQA) chega a 84,6% das amostras analisadas.

A medição supera em 9,7 pontos percentuais a média dos níveis ruim e muito ruim dos seis anos de medição (74,9%), e em 1,3 ponto a pior marca da história, de 83,3%, atingida em 2011. A degradação que se alastra é ingrediente a mais na corrida contra o tempo para despoluir a represa até a Copa de 2014. A Copasa concluiu apenas 40% da canalização de esgotos que caem diretamente na bacia. A Prefeitura de Belo Horizonte promete editais para combater o assoreamento e a poluição para os próximos dias.

Enquanto as intervenções não fazem efeito, o laudo do Igam apresenta também o pior nível de contaminação por tóxicos como amônia, arsênio, bário e cádmio, compostos que fazem mal à saúde humana e envenenam organismos aquáticos. O nível mais crítico de contaminação, que leva em conta violações acima de 100% do tolerado pela legislação do Conselho Nacional de Meio Ambiente, abrange 69,2% da bacia. “É um dado muito preocupante, porque significa que as pessoas continuarão expostas a esse tipo de poluição mesmo depois das ações previstas para melhorar a qualidade da lagoa, pois metais pesados e outros tóxicos se depositam nos sedimentos profundos”, explica o coordenador do Laboratório de Gestão de Reservatórios (LGAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ricardo Motta Pinto Coelho.

Pela primeira vez o estudo comprovou a existência de cinco espécies de cianobactérias potencialmente tóxicas na lagoa, principalmente no Ribeirão Pampulha, que recebe a água que escoa do reservatório e a lança no Ribeirão do Onça. De acordo com o biólogo Rafael Resck, mestre em ecologia aquática e consultor em recuperação de ecossistemas, o contato direto da pele com as cianobactérias pode provocar irritação, erupções, inchaço dos lábios, irritação dos olhos e ouvidos, dor de garganta, inflamações no rosto e até asma. “Beber água contaminada pode causar náuseas, vômitos, dores abdominais, complicações no fígado e fraqueza muscular, podendo levar inclusive à morte, se houver concentração elevada de cianotoxinas.” O Igam informou por meio de nota que ainda avalia a toxicidade das cianobactérias encontradas.

A apenas 435 dias da abertura da Copa do Mundo de 2014, especialistas desconfiam da possibilidade de que as obras de despoluição fiquem prontas a tempo. O coordenador do LGAR, Ricardo Coelho, considera modesto o índice de 40% das obras de interceptação de esgotos nos córregos de BH e Contagem, para evitar o despejo clandestino de dejetos na bacia. “O prazo é muito apertado. E, enquanto isso, a qualidade das águas vai só piorando.”

De acordo com a Copasa, as interceptações serão concluídas até dezembro, levando 95% do esgoto da Lagoa da Pampulha para tratamento. Além dos recursos do estado, o governo federal, via PAC II, destinou R$ 102 milhões para a implantação de redes interceptoras e estações elevatórias. A PBH informou que negocia com o Banco do Brasil financiamento de R$ 120 milhões para ações de limpeza. O processo licitatório para o desassoreamento terá propostas abertas na quinta-feira. A previsão é de que a intervenção propriamente dita se inicie em julho e termine em maio de 2014. O tratamento da água da lagoa terá edital lançado em maio e início dos trabalhos em agosto.